domingo, 22 de julho de 2012

Antropologia da comunicação, de Alexandre Parafita

“Antropologia da Comunicação” é um precioso manual de consulta para diferentes disciplinas, o autor soube reunir algumas joias da oralidade do povo do nordeste transmontano e remeteu-as a preceito para os territórios da Antropologia.
Chegámos ao objeto do estudo, o património imaterial que é aquele onde mora a alma do povo e que integra a literatura popular de tradição oral (lendas, mitos, contos populares, romanceiros, cancioneiros, quadros, autos populares, advinhas, rimas infantis, orações, rezas, fórmulas de superstições e de mezinhas…), bem como saberes e vivências da cosmogonia popular (tais como os falares regionais, os ritos e as festas, os jogos, as danças, os saberes do artesanato, da culinária e dos trabalhos rurais e marítimos…). Aqui estamos nesse universo com serões à lareira, esconjuros às maleitas, recitações, teatro popular, festividades, rituais religiosos e pagãos, jogos tradicionais. De uma forma profundamente didática, o autor aproxima-nos, faz-nos ingressar no folclore obsceno, com as suas rimas infantis, poesia popular, provérbios, advinhas, orações com escárnio, mas também nos contos jocosos e divertidos. O autor observa o seu conteúdo: “O valor formativo destes textos reside na sua capacidade de promover o desenvolvimento psicossocial e cognitivo e, especialmente, a socialização da criança. A noção de pertença a um grupo é fundamental, e isso implica o conhecimento das regras e das tradições do grupo, o que passa pelo conhecimento dos seus contos, assim como dos seus jogos, das suas rimas maliciosas, orações com escárnio, etc.”; vamos depois até ao teatro popular, daqui seguimos para os contos de tradição oral e então o autor assenta arraiais nos ritos, nos mitos e nas mitologias. Dá-nos um fresco sobre o mito das mouras mortas, percorremos várias lendas até chegar os ícones sexuais e diabólicos, estão ali bem à vista as pouca vergonhas e até as tentações do diabo, salta-se depois para a “murra” do Natal (trata-se de um gigantesco canhoto de carvalho que arde noite fora no largo principal das aldeias mais puras do nordeste), daqui vamos até ao Menino Jesus da Cartolinha, saltamos para a tradição do entrudo onde pontificam os desfiles diabólicos de “caretos”, “matrafonas”, assim como as leituras de “testamentos” e “julgamentos públicos” e “pulhas casamenteiras”, assim chegamos aos rituais cristãos e pagãos da Semana Santa em Trás-os-Montes. (Beja Santos)
Se é adepto (a) do imaginário coletivo do nordeste transmontano adquira rapidamente esta obra publicada pela Âncora Editora em 2012.
E dar os parabéns ao meu amigo pessoal Alexandre parafita por mais esta obra é a minha obrigação.

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